O advogado sofisticado, descrevendo um homem com problemas psiquiátricos ameaçando policiais com uma faca, pergunta: “Por que eles apenas não atiraram na faca para tirá-la de sua mão?” O cara na academia diz: “Mas ele estava com as mãos para cima!” O “especialista” diz durante uma palestra: “era só uma pequena chave de fenda”.
Infelizmente para os policiais na ponta linha, milhares de comentários como estes são feitos por civis não treinados que são educados pelo que veem nos jornais, filmes, TV e redes sociais. Muitas vezes, repórteres, políticos, líderes comunitários e ativistas que assumem que sabem o que aconteceu, passam a julgar, acusando imediatamente os policiais de truculentos, racistas ou incapazes de resolver a situação com meios menos letais.
Muitas vezes, ocultados por todo o furor e indignação, estão os fatos do incidente, a realidade da dinâmica humana e a forma como a polícia é treinada. Noventa e cinco por cento dos policiais passam por suas carreiras inteiras sem darem um único tiro. Ao contrário do imaginário popular, policiais não desejam estar em uma ocorrência em que precisem fazer uso de força letal e fazem tudo o que estiver ao seu alcance para evitá-las a todo custo, muitas vezes colocando-se em risco. Milhares de pessoas são presas por dia neste país, e na maioria dessas prisões, os suspeitos são levados sob custódia com segurança, mesmo quando muitos são extremamente violentos. Apenas um número muito pequeno resulta em tiros disparados.
É possível para nós fazer uma pausa e considerar a realidade vivida por nossos policiais quando eles envolvem em uma troca de tiros? Muitos mal-entendidos, equívocos e mitos rondam o assunto, entre esses mitos:
Entre esses mitos:
Mãos para cima, não atire? Os policiais são treinados – treinamento que é rapidamente reforçado pelas realidades do trabalho – para serem cautelosos com um suspeito com as mãos para cima. O que pode parecer uma rendição para um observador não treinado é frequentemente uma estratégia para atrair o policial para perto o suficiente para um ataque. Ou, quando tiros são trocados, o que parece a rendição pode ser a resposta involuntária de um sujeito que foi baleado.
Por que não só ferir? No mundo policial, os policiais não atiram para matar e nem para ferir, mas para interromper uma ameaça. Essa ameaça raramente é interrompida por um único tiro. Raramente, exceto no mundo da ficção, um único tiro derruba alguém. Tamerlan Tsarnaev, um dos terroristas da Maratona de Boston, foi baleado nove vezes, várias delas potencialmente fatais, e ele continuou atirar bombas e disparar contra a polícia de Watertown. Uma pessoa que foi derrubada continua a ser uma ameaça. Aqueles que gostariam que o policial “apenas atirasse no joelho” esquecem-se de um fato importante. Mesmo supondo que o policial possa atingir com sucesso esse alvo pequeno e em movimento, o criminoso ainda tem as duas mãos livres para continuar atirando.
E quanto a atirar na arma de um criminoso para que ela caia de sua mão? Muitas ocorrências com tiros são repentinas, surpresas e evoluem em segundos. Nesses segundos, enquanto o sujeito tem uma arma e está atirando, o policial tem que decidir responder, sacar a arma, verificar se não há inocentes na linha de fogo e só então revidar os tiros – muitas vezes enquanto está sob fogo. Esses criminosos frequentemente estão drogados, com raiva, com adrenalina alta e algumas vezes têm doenças mentais. Os criminosos não ficam parados como um alvo de papel. Um homem violento, em movimento e imprevisível torna impossível atirar na perna ou no braço de alguém.
E quanto à afirmação de que uma pessoa desarmada não é perigosa? ‘Desarmado’ não tem o mesmo significado para um policial. Milhares de policias são atacados com mãos e os pés. Nos EUA onze por cento de todos os policiais assassinados em serviço de 2013 a 2015 foram mortos por pessoas desarmadas. Em cada encontro com um policial sua arma estará sempre disponível.
Vamos trazer os fatos para o foco para criar melhores entendimentos a nível nacional sobre a polícia e as realidades enfrentadas por ela, muitas vezes em situações impossíveis. Antes de tirar conclusões sobre um incidente com disparos de arma de fogo, considere a realidade dos policiais e sua perspectiva.
Este artigo foi publicado originalmente por New York Post
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