nossas famílias, nos despedimos dos nossos, recebemos um beijo e um abraço, um
desejo de bom trabalho e um vá com Deus ! No fundo sabemos, tanto nós quanto nossos
entes queridos, que essa despedida pode ser a última sob a incerteza de nosso retorno ao
lar, porém com firmeza no olhar nós sorrimos e passamos a segurança esperada por
quem nos ama.
Em todos os rincões de Minas Gerais há diversos militares deixando suas casas
para oferecer a segurança, paz social e tranquilidade à população, mesmo se para isso
for necessário o sacrifício da própria vida. Faça chuva, faça sol, a qualquer hora do dia
ou da noite, 24 horas por dia, 7 dias por semana há bravos guerreiros zelando pelo
próximo. Estes policiais exercem sua profissão pautados na dignidade, na correção de
atitudes, na justiça e imparcialidade frente às demandas da sociedade. Esperam o
reconhecimento da sociedade apenas no que se refere à execução de suas diversas
missões e mesmo notando no dia a dia de trabalho que isso às vezes parece distante,
continuam a acreditar no bem maior da população.
Além das características específicas do cotidiano da profissão que impactam
diretamente a vida dos policiais, fazendo-nos caminhar sobre o fio da navalha a ponto
de uma falha nos colocar em situação sensível frente à sociedade e a justiça,
enfrentamos também os desafios ligados à ascensão profissional, mais especificamente
os concursos internos. Com força de vontade, garra e determinação buscamos o
aprimoramento dos conhecimentos assim como a ascensão na graduação por meio dos
cursos. Ressalta-se também que em meio à situação de crise que se instaurou no nosso
Estado de Minas Gerais, com parcelamento dos salários do executivo, atraso nos
pagamentos devidos aos funcionários, os concursos internos tem se colocado como
única maneira a médio prazo de elevar o salário do militar.
No cenário dos concursos públicos, nós policiais militares, mais especificamente
cabos e soldados, estamos vivenciando um momento de incerteza e provável descaso
em um dos diversos certames da Policia Militar de Minas Gerais, o concurso para
admissão ao Curso de Formação de Sargentos, CFS 2017. Desdobramo-nos para prestar
o referido concurso, tendo que se apertar entre as escalas de serviço e as diversas
missões para poder estudar e dedicar-se ao objetivo profissional. Vários cabos e
soldados inscreveram-se para o processo que neste ano mostrou resultados
surpreendentes por parte dos candidatos que obtiveram notas elevadas em comparação
ao ano anterior. Passadas as primeiras etapas do concurso sem novidades, eis que algo
destaca-se, anteriormente convocava-se apenas 1,2 vezes o numero de candidatos para o
Teste de Aptidão Física – TAF, e no atual concurso foram convocados o dobro de
candidatos, isso mesmo 2 vezes o numero de aprovados foram realizar o TAF. Sol
escaldante, desgaste físico pelos treinos realizados muitas vezes em rodovias por falta
de locais adequados em alguns municípios, desgaste psicológico pela ansiedade,
diversos guerreiros deslocaram-se do interior, dos mais distantes municípios, realizando
até empréstimos para poder custear a viagem sob a esperança de convocação que foi
alimentada pelo edital do concurso. Vários de nós ficaram pelo caminho, alguns tiveram
o TAF interrompido e pararam ate no hospital com grave risco à saúde, mas nós
continuamos e fomos até o fim. Terminou o concurso e enfim vencemos todas as etapas
com garra, determinação, dedicação e esperança na convocação.
A luta pelas etapas do concurso CFS 2017 terminou, mas outra batalha iniciouse.
Sob os rumores de uma possível não convocação dos excedentes, nós nos
desdobramos e buscamos diversos apoios no sentido de conseguirmos um entendimento
com o Comandante Geral da PM. A princípio não obtivemos diálogo, mas não
desistimos e continuamos a buscar contato e enfim obtivemos uma resposta por parte do
comando alegando que iria solicitar um estudo de impacto a fim de verificar a
viabilidade de convocação dos excedentes. Algum tempo passou e não houve retorno
acerca do tal estudo e logo nos colocamos em movimento e buscamos realizar uma
avaliação sobre o efetivo de 3° SGT na instituição. Essa movimentação resultou em um
estudo acerca do claro da graduação na instituição o qual foi baseado nos próprios dados
da PM e nas resoluções que regulam o efetivo e as promoções. Provamos pelos números
que há condições que possibilitam a convocação de todos os excedentes e ainda
sobrarão vagas. Porém, no dia da convocação dos candidatos que se encontram dentro
do limite das vagas, recebemos a noticia por parte do próprio comando de que não
haveria vagas pra viabilizar a convocação, que houve uma analise por parte de sua
assessoria a qual não indicou a convocação e que o quadro talvez não seria possível de
reverter mesmo ele solicitando o estudo que realizamos para uma possível análise.
E agora ? O que fazer e o que esperar por parte do comando? Vagas preenchidas,
convocação publicada e uma resposta nada promissora para 368 cabos e soldados que
terminam o concurso com o moral baixo e uma tristeza estampada na face. Foram
convocados mais de 600 excedentes nos últimos concursos de soldado deste ano, mas
para o CFS ? Não há vagas. No próximo ano não haverá o CEFS, curso de sargentos
realizado por tempo de serviço, mas mesmo assim não há vagas. Há um documento
assinado pelo próprio comando que prevê a realização de novo concurso no ano de
2018 com 300 vagas para o CFS, mas mesmo assim não há vagas. Nos próximos anos
vários 3° Sgt serão promovidos a 2° Sgt pelos critérios de antiguidade e merecimento,
mas mesmo assim não há vagas. E ainda um ponto que alivia o Estado: nosso curso não
onera o Estado em questão salarial durante sua execução, apenas depois de 13 meses
seremos promovidos à nova graduação.
Chega a se instalar nos guerreiros a sensação de descaso frente à tropa em
virtude dos fatos. Ora se o problema são as vagas, ótimo, perfeito, nosso estudo aponta a
viabilidade, porém diante de uma resposta que demonstra que a causa está de certa
foram decidida e não seria fácil reverter, nos questionamos se essa é a verdadeira
barreira à nossa convocação. Almejamos uma das graduações mais importantes de toda
a Policia Militar, os sargentos são o elo entre a tropa e o comando e atuam em todas as
áreas necessárias, desde a formação de novos militares até o comandamento de unidades
e serviços. O estado de Minas Gerais possui 853 municípios dos quais 553 são
atendidos pelos Destacamentos e Subdestacamentos PM tendo eles uma abrangência de
cerca de 43,62% do território do Estado e uma responsabilidade de atender a cerca de
20% do população, e advinha só quem gerencia essas unidades? Isso mesmo, os bravos
sargentos. O governo de minas instalou na capital 86 bases comunitárias móveis em
uma nova perspectiva de serviço á população e relatou em comunicados oficiais que irá
abranger a ideia para todo o Estado e quem ira comandar as bases? Os sargentos. Pois
sim, esses guerreiros estão em todos os serviços e mesmo assim parece haver certo
descaso com essa graduação, pois mesmo havendo vagas e a necessidade desses
guerreiros em praticamente todos os serviços realizados pela PM, a postura frente á
nossa causa tem sido negativa.
Portanto apelamos ao Excelentíssimo Governador do Estado de Minas Gerais e
ao Senhor Comandante Geral da Policia Militar do Estado de Minas Gerais que
reavaliem a situação do CFS 2017. Somos 368 cabos e soldados aprovados em todas
as etapas do certame que aguardam ansiosos por um posicionamento positivo acerca de
nossa convocação. A Policia Miliar necessita dessa demonstração de valorização, a
sociedade mineira necessita desse aprimoramento no serviço prestado e nós precisamos
dessa convocação para podermos nos voltar a nossos familiares e amigos dizendo que
os sacrifícios, as noites de sono perdidas, os finais de semana que deixamos de
aproveitar ao lado deles e todos os gastos valeram a pena. Que o Excelentíssimo
Governador e o Senhor Comandante Geral possam libertar esse grito de vitória que
encontra-se entalado em nossas gargantas e percebam que valorizar a tropa com essa
demonstração de preocupação e atenção às demandas da gloriosa milícia de Tiradentes,
é cuidar dos Filhos de Minas.
Excedentes CFS 2017, Belo Horizonte 14 de novembro de 2017
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