A PF (Polícia Federal) indiciou o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho e a primeira-dama de Minas Gerais, Carolina de Oliveira, no âmbito da operação Acrônimo.
Em relatório enviado ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), a PF concluiu que Coutinho e o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), articularam para favorecer os franceses do Grupo Casino. A primeira-dama teria recebido R$ 2,8 milhões como contrapartida.
Segundo a PF, Pimentel e Coutinho inviabilizaram um empréstimo ao empresário Abílio Diniz, que buscava apoio de um banco público para possibilitar a fusão do Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour.
O Grupo Casino, contrário à compra porque também tinha interesse em controlar o Pão de Açucar, teria pago os valores a Carolina como contrapartida. De acordo com a PF, a empresa MR Consultoria, do jornalista Mário Rosa, intermediou o pagamento.
À época, Pimentel era ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e Coutinho presidente do BNDES.
Os repasses foram feitos após a inclusão de uma cláusula que condicionava o acesso ao dinheiro do banco à inexistência de qualquer disputa judicial do Pão de Açucar com os franceses do Grupo Casino.
“A presença da cláusula condicionante a inexistência de litígio entre o Grupo Pão de Açúcar e o Grupo Casino na prática significou a manifestação prévia do BNDES sobre a necessidade de consenso entre o Grupo Casino e a família Diniz para a obtenção do apoio financeiro pleiteado, cancelando de forma antecipada o enquadramento da operação de fusão, impedindo assim a continuidade da análise do projeto”, afirma a PF no relatório.
No total, 8 pessoas foram indiciadas. Pimentel não foi indiciado porque é governador e tem foro privilegiado no STJ.
OUTRO LADO
O ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho alegou que todas as decisões tomadas por ele “estiveram dentro da mais absoluta legalidade e lisura”. “Nunca recebi qualquer tipo de vantagem decorrente do referido processo nem tenho conhecimento de que alguma outra pessoa o tenha feito”, declarou.
O advogado de Fernando Pimentel, Eugenio Pacelli, afirmou que o governador de Minas Gerais “repele veementemente” a conclusão do relatório da Polícia Federal. “Nem tudo que reluz é ouro. A Acrônimo se tornou anacrônica, do ponto de vista das provas”, comentou Pacelli.
Para a defesa de Carolina de Oliveira, mulher de Pimentel, o relatório “é mais uma tentativa de manter de pé uma investigação frágil e eivada de irregularidades, que se arrasta há mais de 2 anos e que jamais encontrou qualquer ligação ilícita entre os envolvidos”.
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