Desde os tempos de criança, aprendemos a defender nossos
irmãos. Ao ingressar na polícia, este espírito de proteção mútua torna-se ainda
mais presente em nosso dia-a-dia.
Sempre que um policial olha para outro, vê mais que um
companheiro de serviço. Ele sente que esta diante de um irmão de farda, alguém
que merece apoio incondicional, seja em situação profissional ou pessoal, seja
em horário de serviço ou de folga.
Se você é policial, antes de continuar a leitura, reflita
sobre a seguinte pergunta:
No último turno de serviço, você passou próximo a casa de
algum policial que mora no seu setor de patrulhamento?
Se sua resposta foi um “sim“, você esta de parabéns!
Se sua resposta foi um “não no último serviço”, tudo bem,
mas não se esqueça de visitar o colega no próximo turno!
No entanto, se sua resposta foi um “não, pois não sabe onde
moram os policiais em seu setor de patrulhamento”, você deveria rever seus
conceitos.
Todo policial sente-se valorizado sabendo que a rua de sua
casa é patrulhada pela equipe de serviço e aumenta a tranquilidade de seus
familiares. Ou você pensa diferente?
Tal preocupação pode parecer um absurdo para algumas
pessoas, pois é algo surreal imaginar que um bandido seria louco ou idiota o
bastante para chegar perto da casa de um policial.
Entretanto, a sensação de impunidade que existe no meio
criminal estimula os infratores a desafiar a lei de todas as formas, inclusive
cometendo atentados contra os policiais.
É recorrente nos noticiários manchetes que mataram um
policial, atiraram contra o portão de sua casa, picharam ameaças no muro ou
outro tipo de afronta em razão de sua atividade profissional.
Há alguns dias, aconteceu mais um destes casos em Belo
Horizonte: militares receberam informações anônimas que dois indivíduos armados
estariam indo matar um soldado.
Quando chegaram próximo ao endereço denunciado, os militares
viram dois rapazes, sendo que um carregava um objeto longo coberto por um pano.
Ao perceberem que seriam abordados, os dois correram,
deixando para trás uma espingarda
calibre 12.
Os policiais reconheceram um dos indivíduos, pois é um dos
principais traficantes de droga daquela região.
Indignados com a ousadia dos bandidos, policiais fardados e
a paisana montaram guarda em frente a casa dos militares ameaçados. Confira no
vídeo abaixo o desabafo de dois policiais.
Como já foi frisado no artigo Segurança pública,
responsabilidade de todos, não só da polícia, a missão da polícia não é matar,
mas também não aceitamos morrer.
Nem mortes, nem ameaças. Nem contra mim, nem contra qualquer
policial. Somos uma família muito unida. Mexeu com um, mexeu com todos!
Não podemos deixar que crimes contra policiais sejam
encarados como crimes comuns. O policial é o encarregado de aplicação da lei
mais próximo da bandidagem.
Somos a linha de frente no combate e precisamos ser
resguardados das consequências desta missão. E o que recebemos em troca de nosso
sacrifício diário?
Até hoje, não há lei que agrave a punição dos que cometem
crimes contra policiais, apesar dos projetos de lei que tramitam pelas casas
legislativas ou já foram arquivados por não serem de interesse de certos
parlamentares.
Não recebemos a visita de defensores dos Direitos Humanos
para saber se tivemos ou estamos tendo nossos direitos lesionados.
Também não recebemos um centavo de adicional periculosidade,
pois dizem que o risco de vida é inerente a atividade policial.
Para gozarmos estas garantias, dependemos da boa-vontade de
certas pessoas que normalmente não costumam ver com bons olhos a atividade
policial.
Se não podemos contar com o apoio externo, temos que nos
unir mais ainda. Devemos chamar cada um a dar sua contribuição para a proteção
do companheiro de serviço.
É hora de mostrar ao mundo que reagiremos se formos
atacados. E não será um movimento dependente do comando da corporação.
Muito pelo contrário, cada policial agirá por vontade
própria e valerá tanto quanto o outro nesta batalha.
Não precisamos esperar uma ação dos bandidos para reagirmos.
Façamos uma prevenção ativa.
A Polícia Militar incentiva a criação de diversos tipos de
redes de proteção: comerciantes, postos de combustíveis, vizinhos…
As pessoas participantes destas redes entram em contato de
diversas formas para evitar serem vítimas de crimes.
É uma parceria entre os próprios comerciantes ou vizinhos,
que criaram mecanismos de vigilância e proteção uns dos outros, com o apoio da
policia militar.
E tem surtido efeito, pois o índice de criminalidade tem
caído onde estas redes existem.
Baseado neste exemplo de sucesso, alguém sugeriu que fosse
criada uma Rede de Policiais Protegidos.
A primeira vez que ouvi falar foi durante o movimento de
repúdio pela morte do soldado André, em Belo Horizonte. Para quem não se lembra
do fato, confira o artigo Insegurança pública: assassinato do soldado André foi
a gota d’água para os policiais.
A Rede de Policiais Protegidos tem por objetivo o patrulhamento
das ruas em que moram policiais.
Sabemos bem que, em locais que passa viatura toda hora,
bandido não vacila. E se vacilar, não tem conversa. É coro e grampo para servir
de aviso para a bandidagem da área.
No início do artigo, perguntei se, em seu último turno de
serviço, você passou próximo a casa de algum policial que mora no seu setor de
patrulhamento.
Você ainda lembra de sua resposta? Com certeza, a maioria
respondeu sim. Para aqueles que responderam não, a hora de mudar é agora.
Temos que internalizar a ideia que, se eu protejo um
policial e este policial protege outro policial, criamos uma rede de proteção
em que todos protegem todos.
Segundo o 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 490
policiais foram mortos em 2013, média de quatro policiais assassinados a cada
três dias. Mais de um policial morto todos os dias em nosso país.
Vivemos uma guerra não-declarada e, a cada morte, perdemos
uma batalha. O que você tem feito para vencermos esta guerra?
Particularmente, em meus doze anos de policia, tenho
combatido o crime na linha de frente. Já passei alguns meses em seções
administrativas, mas não me adaptei.
Gosto mesmo do serviço operacional, sair para as ruas e
evitar que o crime aconteça; se acontecer, correr atrás dos bandidos e prendê-los.
Nas horas de folga, uso o Blog do graduado para colocar em
pauta assuntos relacionados a segurança pública a partir da pratica policial.
Quer participar do blog? Compartilhe este artigo em suas
redes sociais. Vamos fazer esta mensagem chegar a todos os policiais do Brasil.
Juntos somos mais fortes!
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