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segunda-feira, 30 de abril de 2018

O aumento de pré-candidaturas e o fato histórico

As razões vão desde a crise da segurança pública, que atinge todo o País, até o descrédito da população com a classe política, atingida com constantes denúncias de corrupção

A volta dos militares das Forças Armadas para o cenário político deverá ganhar proporções este ano nunca vistas desde a ditadura militar, mas dessa vez através de eleições democráticas. A explicação para o crescimento no número de candidaturas de militares da reserva, acreditam especialistas, está nas crises enfrentadas pelo País: segurança pública, denúncias de corrupção e economia fragilizada.
Não é de hoje que a população enxerga nos militares uma resposta aos índices crescentes de violência. “O Brasil tem um histórico muito forte de uso do Exército para fins policiais”, afirma o professor de ciência política do Ibmec-MG, Adriano Gianturco. Ele lembra que neste momento a cidade do Rio de Janeiro vive uma inédita intervenção federal.
“A violência faz as pessoas buscarem uma saída, mesmo no cenário político, nas Forças Armadas e na Polícia”, acredita. Isso explica, inclusive, a expressividade de policiais em mandatos eletivos. Não dá para desprezar também o nicho de eleitores dessas duas categorias, formado pelos próprios militares.
O utros fatores, como o descontentamento da população com a classe política em geral, marcada por denúncias de corrupção, propicia esse clima favorável aos militares. De acordo com pesquisa Datafolha do ano passado, 83% da população confiam nas Forças Armadas, enquanto só 34% confiam no presidente da República e no Congresso Nacional. “O Exército dá uma sensação de ordem que as pessoas acham que o Brasil está precisando”, diz Gianturco. 

O general Guilherme Theophilo, pré-candidato ao Governo do Ceará pelo PSDB, destaca essa confiabilidade das Forças Armadas. “Nós temos um grau de confiabilidade muito grande e também um desejo de servir à Pátria, não só pelos meios operacionais militares, mas também no debate político democrático”, explica.
Josênio Parente, professor de Ciência Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece), cita o enfraquecimento dos partidos políticos, que, em movimento contrário, fortalece alguns nomes como “salvadores da Pátria”, além do fortalecimento da direita e da divisão do País.

O “fenômeno Bolsonaro”, em referência ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-SP), único pré-candidato militar à presidência da República, não pode ser desprezado. O parlamentar tem se destacado nas pesquisas e costuma enobrecer os militares em seus discursos, fortalecendo nomes da categoria que pretendam ingressar na carreira política. Não à toa, o PSL tem sido um dos destinos preferidos para os pré-candidatos militares.

A historiadora Dulce Pandolfi acredita que há “um clima no ar” que favorece o ingresso políticos de militares, inclusive com movimentos da população pedindo por intervenção. “Eu acho isso muito preocupante. O papel dos militares não é na política, é nos quartéis. Eles não deviam fazer a política partidária”.

Ela pondera que sua preocupação é com esse movimento crescente de militares que pretendem se candidatar. “Não é porque uma pessoa é militar, que ela é anti-democrática, que precisa ser combatida. Mas esse fenômeno em geral é perigoso”, diz. Gianturco, ao contrário, diz não ver riscos à democracia. “Não acho que há perigo de voltar a ditadura militar no Brasil”, diz ele. (Letícia Alves) 

Fonte O Povo

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