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segunda-feira, 23 de abril de 2018

MEDALHA DA INCONFIDÊNCIA

Falta de participação popular e ostensivo aparato policial
Solenidade em Ouro Preto foi realizada pela primeira vez em um local fechado
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), chamou ontem o ex-presidente Lula de herói e, em tom eleitoral, listou ações que fez no Estado e aproveitou para criticar a gestão tucana. As declarações foram dadas durante cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência, em Ouro Preto. A solenidade foi marcada pela falta de participação popular e por ostensivo aparato policial.

Em clara referência à prisão do ex-presidente, Pimentel afirmou que a democracia, que custou a ser conquistada, está ameaçada por perseguições, excessos e abusos de poder. Ele ainda disse que, assim como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, Lula é um “heroico construtor” do amanhã por conta dos “seus bem-sucedidos programas de inclusão social”.

“Esses três líderes viveram, não por coincidência, a dor da perseguição e da ofensa. Foram caluniados, injustiçados, e, até porque não dizer, martirizados. Mas são vitoriosos, ao final. Já os seus algozes têm lugar garantido no limbo do desprezo e do esquecimento histórico”, enfatizou o governador.

Pimentel lembrou que o país e Minas “atravessaram uma de suas piores crises nestes últimos anos”. Segundo ele, ao invés de apontar culpados, foi buscar soluções para a realidade que encontrou no Estado de “destruição de prioridades administrativas, da capacidade do Estado de pagar o que deve, e da destruição da esperança do povo”.

O governador declarou que a gestão passada desperdiçou dinheiro com “obras faraônicas de preços superfaturados” e tomou decisões equivocadas. O petista declarou que após “tanto trabalho” é possível dizer que está “surgindo uma luz do amanhecer”. Depois, Pimentel listou feitos do seu mandato, como índices menores de criminalidade, a retomada e a entrega de obras.

Sentinelas. Em comparação com anos anteriores, chamou atenção o forte aparato policial preparado para a cerimônia, que contava até mesmo com homens do Exército. No trajeto de Belo Horizonte a Ouro Preto foram cerca de 15 barreiras com agentes da Polícia Militar. E quem andava pelas ladeiras da cidade histórica brincou que haviam mais policiais do que moradores.

Essa foi a primeira vez que a entrega da mais importante honraria do Estado é feita em um local fechado e longe da população, sendo sediada no Centro de Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Somente o primeiro ato da cerimônia, que consiste, por exemplo, no hasteamento da bandeira e no acendimento da Pira da Liberdade, foi feito na praça Tiradentes.

Lá, a área de isolamento foi estendida por mais um quarteirão do que habitual e, somente estudantes apareceram ao lado do petista no local. Oficialmente, a justificativa do Executivo é que a divisão da solenidade foi um apelo da população local por conta das diversas alterações feitas no município. Porém, nos bastidores, a versão é de que Pimentel quis evitar críticas e manifestações de categorias, como a dos professores.

Restrição

Veto. Os repórteres de veículos de imprensa não foram autorizados pelo governo de Minas Gerais a acompanhar a solenidade na praça Tiradentes. Somente fotógrafos e cinegrafistas foram liberados.


Políticos desprestigiam Pimentel
O governo de Minas Gerais agraciou ontem 170 personalidades com a Medalha da Inconfidência, em Ouro Preto. Mas, politicamente, um dos pontos que causou estranheza aos presentes foi o baixo quórum de parlamentares no palanque, diferentemente do que ocorreu nos últimos anos.

Dos seis deputados federais e estaduais que compareceram à solenidade, somente Edson Moreira (PR), que recebeu a comenda, não era do PT. No meio político é dito que essa é uma espécie de retaliação por parte de políticos da base que estão sentindo-se desprestigiados pelo governador Fernando Pimentel (PT).

Com o escalonamento do salário do funcionalismo, o atraso no repasse de verbas para prefeituras, entre outros problemas fiscais pelo qual passa o Estado, os deputados entraram em um consenso. O entendimento é de que, durante o período eleitoral, não é bom para campanha aparecer perto do petista.

Nos bastidores é dito que a ausência de deputados do MDB pode ser visto como um recado claro a Pimentel de que o partido não vai apoiar a tentativa dele de reeleição e terá candidatura própria ao Palácio da Liberdade. Como O TEMPO mostrou, a relação entre o governador e o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Adalclever Lopes (MDB), azedou após a ex-presidente Dilma Rousseff entrar na chapa do petista para disputar o Senado – cargo almejado por Lopes. Ele, inclusive, não foi à solenidade, e Rogério Correia (PT) foi como seu representante.

Ausências

Falta. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), e o ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1980, seriam agraciados com a medalha, mas não foram à cerimônia.

Frase

“Desperdiçaram recursos fazendo obras desnecessárias e tomando decisões equivocadas. Investiram em poucos e vistosos cartões postais, ao invés de investirem em muitas e necessárias obras. Fizeram opções erradas, que nunca teriam sido feitas se o diálogo tivesse sido prática de governo.”

Fernando Pimentel

Governador de Minas Gerais (PT)

Divergência

Controvérsias. Todo aparato policial deste ano diverge do que o governador do Estado, Fernando Pimentel (PT), fez em seu primeiro ano de mandato, em 2015. Na época, na praça Tiradentes, ele e correligionários comemoravam que o local estava sendo devolvido para o povo, ao contrário do que era praticado na gestão tucana.

Estratégia. No ano seguinte, o espaço voltou a ser restrito e até mesmo músicas em alto e bom som foram tocadas para abafar protestos do funcionalismo.

Fonte O Tempo

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