Sigam-me!!

Sigam-me!!

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Sindicância conclui que aposentadoria de Dilma foi irregular, diz revista Reportagem da 'Veja' afirma que resultado da apuração levou ex-ministro a ser punido

Sindicância do governo federal encontrou irregularidades no processo de concessão de aposentadoria da ex-presidente Dilma Rousseff, revelou reportagem da revista "Veja". O resultado das investigações levou o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, a punir o ex-ministro da Previdência Carlos Gabas com 10 dias de suspensão do serviço público e a servidora Fernanda Doerl com pena de advertência.
De acordo com a "Veja", que teve acesso ao resultado na sindicância, Carlos Gabas e uma secretária pessoal da ex-presidente Dilma Rousseff entraram pela porta dos fundos de uma agência da Previdência na Asa Sul, em Brasília, no dia 1º de setembro do ano passado, e tiveram ajuda de Fernanda Doerl para furar a fila e obter em tempo recorde a aposentadoria da ex-presidente. No dia anterior, o Senado havia formalmente cassado o mandato de Dilma.

Pelo despacho assinado por Osmar Terra, o ex-ministro foi punido por ter usado de influência para furar a fila e Fernanda Doerl por manipular o sistema para regularizar o cadastro da ex-presidente. Gabas não poderá trabalhar pelo período de 10 dias e terá o salário descontado em folha. Servidor de carreira da Previdência, ele está cedido para o gabinete do petista Humberto Costa (PE), líder da minoria no Senado.

Já Fernanda levou a pena de advertência por não ter atuado com “zelo”, “dedicação” e sem “observar as normas legais” no episódio.

Trecho da sindicância, reproduzido na reportagem, sustenta que "aposentada pelo INSS desde setembro do ano passado, Dilma Rousseff foi favorecida pela conduta irregular de dois servidores do órgão que manipularam o sistema do INSS para conseguir aprovar seu benefício e ainda usaram influência política para conseguir furar a fila de benefícios". Dilma tornou-se aposentada com o salário máximo de R$ 5,189 mil, informou VEJA.

A reportagem revela que, ao entrar na agência da Asa Sul e se isolar na sala do chefe da unidade, na manhã de 1º de setembro, Gabas e uma secretária pessoal de Dilma Rousseff chamaram a atenção dos funcionários. De acordo com a reportagem, vasculhando o sistema do INSS, um grupo de servidores logo descobriu algo errado: no intervalo de poucos minutos em que o ex-ministro e a secretária de Dilma estiveram na agência, o processo de aposentadoria da ex-presidente foi aberto no sistema e concluído sigilosamente.

A secretária tinha procuração para assinar a papelada em nome da petista. Ao tomar conhecimento do caso, o governo abriu uma sindicância para investigar a concessão do benefício. A sindicância sustentou que “as apurações demonstraram que as ações do indiciado (Gabas) contribuíram para agilizar a concessão do benefício, assegurando seu deferimento em condições mais favoráveis ou benéficas que o usual”. E complementa: “O servidor atuou como intermediário junto à repartição pública, fora das exceções permitidas em lei, em atitude incompatível com a moralidade administrativa”.

Os integrantes da sindicância também concluíram que Fernanda Doerl considerou, para efeitos de cálculo de tempo de serviço de Dilma, informações que a ex-presidente não comprovava com documentos: “A não observância à norma legal e regulamentar nos autos presentes, foi materializada na medida em que se deixou de exigir documentação necessária para a alteração cadastral da segurada Dilma Vana Rousseff”, diz a sindicância.

Para a investigação, Fernanda tinha a obrigação de “alertar (Dilma) acerca das impropriedades e que o seguimento do pleito só se daria a partir da apresentação, por completo, de todo o contexto documental exigido e necessário”. Apesar de apontar irregularidades e reconhecer condutas impróprias no caso dos servidores, a sindicância justifica as penas brandas aplicadas alegando que não verificou “intenção clara” dos investigados em beneficiar Dilma.

Já sobre a própria ex-presidente a sindicância limita-se a cobrar a devolução de R$ 6.188 , referentes a um mês de salário que teria sido pago irregularmente pelo INSS. Apesar da concessão irregular de aposentadoria por falta de documentos, a sindicância constatou que o valor do benefício da petista é compatível com o determinado. Dilma está recorrendo para não ter que devolver o dinheiro.

Segundo a revista, ao prestar depoimento na sindicância, Gabas negou que tivesse favorecido Dilma Rousseff ao cuidar pessoalmente do processo na agência da Previdência em Brasília. Gabas alegou aos investigadores que “o atendimento diferenciado de pessoas públicas era comum e tinha o objetivo de assegurar a integridade física e moral dos demais segurados”. Já Fernanda Daerl sustentou durante todo o processo que agiu de acordo com a lei e que se guiou por normas do INSS para aprovar os dados cadastrais de Dilma.   

Em nota, a assessoria da presidente disse que Dilma se aposentou com 68 anos, sendo mais de 36 deles de serviços prestados. A nota diz ainda que a ex-presidente  pleiteou para a sua aposentadoria o reconhecimento pelo INSS do período de anistia de aproximadamente dez anos. Explicou também que o INSS apontou uma anotação equivocada por parte de uma funcionária e ensejou a concessão do benefício em agosto e não em setembro, como seria o correto, e que a própria autarquia avaliou que não houve má-fé por parte da servidora.

Veja a nota na íntegra:

1. Veja volta a executar o velho Jornalismo de Guerra ao dar ares de escândalo à aposentadoria da presidenta eleita Dilma Rousseff. O escândalo está na perseguição que a revista promove e não na aposentadoria em si.

2. Depois de 36 anos, 10 meses e 21 dias de serviços prestados – comprovados documentalmente – aos 68 anos de idade, Dilma Rousseff se aposentou com vencimentos pouco acima de R$ 5 mil — o teto do INSS. Ela nada recebe como ex-presidenta da República ou anistiada política. O benefício segue os rigores da lei. Tampouco se valeu de subterfúgios para o recebimento de valores indevidos ou excessivos, como ocorre com Michel Temer e ministros do governo golpista.

3. Afastada da Presidência pelo golpe construído a partir do impeachment fraudulento, Dilma Rousseff recebeu em agosto de 2016 seu primeiro benefício como aposentada.

4. Inicialmente, o governo golpista se recusara a reconhecer o tempo de serviço dela, com base nos efeitos da anistia. É que, além de ter sido encarcerada pela ditadura no início de 1970, Dilma Rousseff foi obrigada, a partir de 1977, a se afastar de seu trabalho, na Fundação de Economia e Estatística, por integrar a chamada lista do General Frota.  Só no final dos anos 1980, foi anistiada.

5. Por isso, Dilma Rousseff pleiteou para a sua aposentadoria o reconhecimento pelo INSS do período de anistia de aproximadamente dez anos. O governo golpista negou-lhe os efeitos da anistia com o evidente objetivo de prejudicá-la. Alegou que tentava fraudar a previdência, procurando se aposentar antes da hora. A ação foi frustrada porque Dilma Rousseff havia trabalhado por todo esse período e podia facilmente comprová-lo. Como o fez.

6. Na sequência, o INSS apontou que uma anotação equivocada por parte de uma funcionária — sem interferência da presidenta eleita —, ensejou a concessão do benefício em agosto e não em setembro, como seria o correto. A própria autarquia avaliou, no entanto, que não houve má-fé por parte da servidora.

7. A defesa da presidenta eleita — a cargo dos advogados Bruno Espiñera Lemos e Victor Minervino Quintiere — deixou claro que não era possível exigir de Dilma Rousseff que soubesse tratar-se de equívoco por parte do sistema do INSS. Isso porque o procedimento passou pelos devidos trâmites regimentais.
8. Dilma Rousseff está recorrendo da devolução. A jurisprudência dos tribunais superiores considera incabível a cobrança pelo erário dos valores recebidos de boa-fé. Ela vê na atitude do governo golpista uma clara tentativa de prejudicar funcionários de carreira criando uma “falsa denúncia” para punição abusiva.

9. A sindicância mencionada por _Veja_ reforça a tese da defesa da ex-presidente de que não houve “intenção clara dos investigados em beneficiar Dilma Rousseff”.

10. _Veja_ dá cores de denúncia ao que é sanha de um governo usurpador, tomado pelo objetivo de perseguição política e de diversionismo dos escândalos de corrupção do grupo no poder. Devia era explicar as aposentadorias precoces do presidente ilegítimo e de seus associados.

11. A revista também não cumpre a exigência fundamental do jornalismo isento, ao deixar de procurar a defesa da ex-presidente ou sua assessoria de imprensa. Não há desculpas ou explicações que justifiquem a parcialidade e o proselitismo político da revista.

12. Esse é o retrato dos nossos tempos, em que a democracia se mantém sufocada pelos interesses inconfessáveis de uma elite insensível ao bem-estar da população e ao respeito dos direitos democráticos, como a liberdade de imprensa.


Fonte O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário