O governador Fernando Pimentel (PT) deve encontrar dificuldades, neste ano, com o bloco de oposição e até mesmo com parte de sua base aliada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A falta de pagamento de emendas parlamentares, a dívida do Estado com os municípios e o salário do funcionalismo sendo pago de forma escalonada são alguns fatores que podem atrapalhar o petista no momento em que ele pretende tentar a reeleição. Se, de um lado, a oposição utiliza esses fatores como munição para colocar em dúvida a gestão do petista, em outra frente, deputados aliados repensam até que ponto vale ou não apoiar o petista.
A expectativa é que a oposição na Assembleia utilize o plenário da Casa para criticar o governador. O líder do bloco de oposição, Gustavo Corrêa (DEM), disse nos últimos dias que este ano será de embates políticos na Casa e que vão mostrar o “desgoverno” de Pimentel. A primeira ofensiva foi na última semana, quando eles apresentaram um requerimento pedindo a instalação de uma comissão extraordinária no Legislativo para promover um acerto de contas entre a administração estadual e os municípios mineiros. Segundo cálculos da Associação Mineira de Municípios (AMM), o débito com as cidades chega a R$ 3,6 bilhões.
Além disso, o grupo anunciou obstrução por tempo indeterminado para pressionar Pimentel a apresentar uma solução para os gestores municipais, acertar as contas com os institutos de previdência do funcionalismo e colocar em dia os salários dos servidores.
Parte da base aliada acrescenta a esse quadro a falta de pagamento de todas as emendas parlamentares que foram indicadas ainda em 2016 para o Orçamento de 2017. Cada um dos 77 parlamentares da ALMG tem direito, por ano, R$ 1,5 milhão em emendas parlamentares.
“É muito difícil continuar apoiando. Além de as emendas não estarem sendo pagas, os servidores e os prefeitos nos cobram diariamente, pessoalmente e, principalmente, pelas redes sociais. Ele (Pimentel) não está honrando nenhum dos compromissos. Por que nós, que estamos dando a cara a tapa por ele no Estado, temos que continuar apoiando? É só pancada que a gente recebe. De todos os lados. A realidade é essa. Se até março essa situação não se resolver, não sei se tem como manter esse apoio”, disse um deputado da base.
Outro parlamentar que compõe a base destaca que, diante da falta de pagamento de emendas e das ações impopulares do Executivo, os trabalhos na Casa devem se concentrar em votações de projetos de deputados nas comissões temáticas. “É uma das formas de mostrar para o eleitorado o nosso trabalho, já que não tem como enviar dinheiro para as cidades e os trabalhos no plenário serão obstruídos pela oposição”, contou.
O líder de governo na Casa, Durval Ângelo (PT), declarou que seria interessante instaurar na Assembleia uma comissão para estudar os débitos de todos os governos nos últimos dois anos. Ele diz que Pimentel não é o primeiro a atrasar o pagamento do ICMS – que hoje estaria em dia, segundo o líder do governo –, sendo que isso também teria ocorrido nos governos de Eduardo Azeredo e Aécio Neves, ambos do PSDB. Ainda segundo ele, o petista assumiu o Estado já com atrasos em repasses da saúde e do transporte escolar aos municípios.
“O discurso da oposição é hipócrita, oportunista e eleitoreiro. Para nós não faz diferença (o trabalho de obstrução) porque eles querem é palanque eleitoral. Agora, se não votarem nada, vão devolver os salários que recebem aos cofres públicos? O povo quer saber”, declarou Durval.
Sobre a insatisfação de parte dos aliados na Casa, o líder afirmou que “quem é da base de verdade está firme no apoio e nas eleições”. “Estes não dependem de pagamento de emendas. Eles apoiam um projeto de governo, não interesses pessoais. Felizmente, estes fazem parte da maioria. Mas posso garantir que vamos ter pagamento. Vamos passar por uma fase melhor este ano”, afirmou o petista.
Fonte O Tempo
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