A filiação do deputado federal Rodrigo Pacheco (MDB-MG) ao DEM foi articulada, segundo interlocutores próximos da negociação, pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG). Conforme O TEMPO mostrou na edição de ontem, o DEM já marcou para o dia 9 de março a filiação de Pacheco ao partido em um evento para, inclusive, lançar a pré-candidatura dele ao Palácio Tiradentes.
A motivação de Aécio para interferir em dois partidos diferentes é recuperar o espaço político perdido após a divulgação dos grampos da JBS. O senador mineiro foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista para pagar sua defesa na operação Lava Jato. O tucano vê a saída de Pacheco do MDB como uma maneira de forçar uma debandada de aliados do deputado da legenda. Isso poderia enfraquecer a sigla, o que permitiria a Aécio “conquistar” o apoio de quem “sobrar” no partido. Caso todas as articulações deem certo, Aécio recuperaria, pelo menos entre os seus pares, a aura de grande cacique político do Estado.
O cálculo do esvaziamento é certo. Ontem, O TEMPO mostrou que um membro do MDB confirmou que a saída de Pacheco da sigla levará outros emedebistas a percorrerem o mesmo caminho. “A dissidência no MDB será grande. Alguns irão em março para o DEM, outros devem debandar durante a campanha, para dar ideia de abandono a Fernando Pimentel e crescimento de Pacheco”, afirmou uma fonte da legenda de Michel Temer.
As negociações de Aécio para alavancar o nome de Pacheco ocorrem diretamente com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), líder nacional da legenda. Essa costura política ainda poderia dar a Pacheco o apoio do PSDB na disputa ao governo de Minas. Os tucanos não possuem um nome unânime e seguro para a disputa desde que o senador Antonio Anastasia comunicou que não disputaria o governo do Estado novamente. Vale lembrar que Pacheco tem bom trânsito com os tucanos, já tendo prestado serviços de advocacia para lideranças do partido em Minas.
Além da construção do apoio do PSDB a Pacheco, Aécio estaria negociando a indicação de Anastasia como candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Rodrigo Maia. A ideia do tucano é que seria importante manter um aliado próximo, como Anastasia, em uma posição importante no Executivo.
Ainda segundo interlocutores, a ideia da chapa Maia-Anastasia teria sido aprovada pelo presidente Michel Temer (PMDB), que vê a possibilidade como um bom “plano B”, visto que um eventual governo chefiado por Maia permitiria ao MDB manter espaço na Esplanada dos Ministérios e obter apoio para comandar a Câmara dos Deputados e o Senado.
A candidatura de Pacheco ao governo com o apoio do PSDB e o esvaziamento do MDB mineiro ainda permitiria a Aécio diminuir os candidatos fortes ao Senado. Na eleição deste ano, serão duas vagas em disputa. Ao diminuir os candidatos – ou pelo menos os nomes mais conhecidos – Aécio teria mais chances de se reeleger e manter o foro privilegiado.
Outra possibilidade, para fortalecer a candidatura de Pacheco e “eliminar” outro concorrente ao Senado, é oferecer a vaga de vice na chapa de Pacheco ao ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB). Segundo uma fonte, o ex-prefeito ainda não teria se decidido sobre a oferta. (Lucas Ragazzi)
Fonte Blog da Renata
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