O coronel Volney Halan Marques, comandante da 9ª Região da Polícia Militar (RPM), é contra a presença da Polícia Militar (PM) nos campi da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), por acreditar que o índice de criminalidade na universidade não justifica o patrulhamento ostensivo e porque, para ele, a responsabilidade de realizá-lo, caso demandado, é da Polícia Federal (PF). A informação foi dada durante entrevista ao CORREIO de Uberlândia, na tarde de quarta-feira (23), quando o comandante foi questionado sobre a proposta de convênio encaminhada pela UFU ao comando geral da corporação, em Belo Horizonte, após uma tentativa de estupro contra uma jovem de 18 anos no campus Santa Mônica.
Para o coronel, outro fator que inviabiliza o trabalho da PM nos campi é o efetivo. “Para atuar lá, caso o comando geral decida por isso, precisaremos deixar de patrulhar alguma área na cidade para designar policiais”, afirmou. “Lá é uma área em que a PF deveria atuar, e não a PM. Se o comando geral mandar, vou cumprir, mas aí o patrulhamento será do jeito da PM”, disse.
Já o delegado da PF em Uberlândia, Carlos Henrique Cotta d’Angelo, afirmou que a corporação não tem função de polícia ostensiva de patrulhamento. “Toda e qualquer ocorrência criminosa que não envolver bens, serviços ou interesses da União não é de nossa responsabilidade. A vigilância faz segurança patrimonial e a PM faz segurança das pessoas”, disse.
O reitor da UFU, Elmiro Santos Resende, disse que a proposta de parceria com a PM dispõe sobre as situações de risco que, detectadas pela vigilância da instituição, poderiam contar com a ação militar. “Seriam três níveis de problema, sendo um primeiro resolvido internamente, o segundo com a atenção e prontidão da PM, caso precise atuar e o terceiro com a atuação direta, além de rondas pelos campi”, afirmou.
Reivindicação
Depois da tentativa de estupro contra uma jovem de 18 anos, que ocorreu na tarde de segunda-feira (23), no campus Santa Mônica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), alunos da instituição se mobilizaram, via redes sociais e reuniões na universidade, para rediscutir a segurança nos campi. Uma manifestação para pedir melhorias na segurança e, por parte de alguns alunos, requerer a presença da Polícia Militar (PM) no campus foi marcada para esta sexta-feira (25), pela manhã.
Posicionamento
O Diretório Central de Estudantes (DCE) é contra a presença de policiamento ostensivo, segundo o coordenador geral Rodrigo Gonzaga. “Não achamos que a PM aqui teria evitado a tentativa de estupro, porque ela é resultado de diversos outros problemas sociais, inclusive, como o machismo e o pensamento, por parte dos homens, de que eles podem fazer o que quiserem”, afirmou. “Queremos melhorias na segurança e, por isso, propusemos uma reformulação imediata no sistema de segurança, com capacitação específica dos vigilantes e atuação mais direta e pontual”, disse Gonzaga.
Correio de Uberlândia
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